segunda-feira, 11 de junho de 2012

Índice de mortalidade entre homens e mulheres no Brasil



Considerando um conjunto de Tábuas de Mortalidade elaboradas para cada uma dessas instâncias geográficas, valores dessa relação próximos da unidade indicam que o nível de mortalidade é o mesmo para homens e mulheres. Desta forma, quanto maior o afastamento da curva em relação à reta que passa por 1, maior será a sobre mortalidade masculina, enquanto os deslocamentos para baixo dessa linha indicam a sobre mortalidade feminina.
Para o conjunto do País, moderada sobre mortalidade masculina durante os dois primeiros períodos (1940/1950 e 1950/1960), começando a elevar-se a partir de 1970. Para 1980, 1991 e 2000, entretanto, acentua-se a sobre mortalidade masculina, ocorrendo as maiores diferenças entre os jovens e jovens - adultos. Esse fenômeno, que também ocorre nas duas regiões analisadas, é mais marcante no Sudeste e incide de forma mais pronunciada nas idades de 10 a 35 anos. Esse agravamento está associado, em parte, ao aumento das mortes por causas externas. É importante destacar distintos comportamentos entre as duas regiões, quando se observam essas relações para o ano de 2005. Enquanto na Região Sudeste verifica-se redução na sobre mortalidade masculina, na comparação com o ano de 2000, em todas as faixas etárias, à exceção do grupo de 15 a 25 anos, a tendência, na Região Nordeste, é de aumento da sobre mortalidade em todas as faixas etárias, independentemente da idade. Esses resultados, de certa forma, podem estar refletindo, por um lado, um início de maior controle da violência nas regiões que já haviam alcançado patamares elevados de sua incidência, como é o caso do Sudeste, e, por outro lado, um indicativo de um processo de sua generalização para outras áreas, como é o caso específico do Nordeste e demais regiões do País.
 Essas distintas tendências vão se refletir no País como um todo, que apresenta padrão similar ao da Região Sudeste, em decorrência de seu elevado peso populacional no contexto nacional. Uma análise mais detalhada das informações leva a inferir que, até 1970, o padrão de mortalidade por idade, entre os sexos, não sofreu grandes variações, mantendo-se estável dentro de cada área analisada, em virtude da alta incidência de causas de morte relacionadas a doenças infectocontagiosas, até então observadas, e que começaram a ser mais intensamente controladas a partir daquela data. Entre 1980 e 2000, ocorre um agravamento das diferenças de mortalidade por sexo, especialmente nas faixas etárias correspondentes aos jovens-adultos, em particular na Região Sudeste. Esse fenômeno vem ocorrendo em diversos países, inclusive nos mais desenvolvidos, nos quais se nota um agravamento dos riscos de morte da população masculina em uma faixa etária que corresponde, aproximadamente, às idades acima de 15 anos e abaixo de 40 anos.
Sintetizando, conclui-se que as mortes por causas externas atingem, prioritariamente, contingentes do sexo masculino nas faixas etárias muito jovem e jovens-adultos, em todo o Território Nacional, sobressaindo-se a Região Sudeste, aonde a mortalidade masculina chega a ser quase cinco vezes maior que a feminina, nas idades compreendidas no grupo de 20 a 25 anos. As causas externas (violentas), consideradas causas evitáveis, têm um impacto significativo nos diferenciais da esperança de vida ao nascer entre homens e mulheres, principalmente naquelas regiões e Unidades da Federação onde sua incidência é elevada. Ao longo das últimas duas décadas, parte dos ganhos obtidos na esperança de vida, devidos à queda da mortalidade infantil e de menores de 5 anos, foram perdidos em função do aumento das mortes por causas externas. As profundas mudanças observadas, nas últimas décadas, no padrão etário da mortalidade, por sexo, bem como na estrutura das causas da mortalidade da população brasileira, são devidas, portanto, não só ao aumento das causas cardiovasculares, respiratórias e neoplasias, conforme visto na seção anterior, como também estão relacionadas, fortemente, ao aumento da mortalidade por causas externas, com efeitos inevitáveis sobre o processo de envelhecimento da população.

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